Opinião
- 19 de maio de 2017
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Reimaginando a visão bíblica de casamento e sexo
Por Glynn Harrison
Tradução de Elisa Camargo
Até pouco tempo atrás, a ética sexual bíblica tinha um histórico papel central na formação de atitudes sociais quanto a sexo, casamento e família. Porém, em menos de uma geração a visão moral cristã – a de que os seres humanos se sentem realizados quando os interesses sexuais estão confinados a um pacto vitalício entre um homem e uma mulher – sofreu uma profunda perda de poder cultural.
Em toda a Europa ocidental e nos Estados Unidos, quem se agarra à ética sexual cristã não está apenas contrário à opinião pública, mas, supostamente, também está no “lado errado da história”.
Aos cristãos com uma visão conservadora da ética sexual, está cada vez mais difícil manejar a relação entre as esferas pública e privada da fé. Não é meu propósito abordar aqui temas angustiantes e urgentes sobre ajustes razoáveis da legislação de direitos e da liberdade religiosa. O que, sim, quero é dar um passo para trás, a fim de abordar o impacto da revolução sexual sobre o próprio evangelicalismo. A realidade é que a ética bíblica tradicional não apenas perdeu poder cultural na sociedade em geral, mas também está seriamente debilitada dentro das próprias comunidades cristãs.
O sociólogo Peter Berger argumentou1 que as “minorias cognitivas” (aquelas que mantêm posturas diferentes às da sociedade no geral) que não caminharem ativamente para sustentar suas estruturas internas plausíveis (as ideias e interações sociais escondidas que apoiam seu estilo de vida particular) estão destinadas a colapsar. Acredito que isso ocorre em muitas áreas do evangelicalismo moderno.
Os líderes evangélicos parecem estar pouco preparados para lidarem com as complexas questões éticas, biológicas e sociais inerentes às conversas sobre casamento e sexualidade humana. Apesar de sua tradição de “mentalidade cristã”, com algumas notáveis exceções, tais líderes têm pouquíssimo envolvimento acadêmico sério nessas áreas. O ponto mais central é que o medo que acompanha a cultura pública da vergonha silencia a muitos e, em alguns setores da igreja, os pastores estão julgando – e não guiando – suas ovelhas.
Não é um bom presságio. Sem uma visão, o povo perece. Portanto, neste breve artigo, quero perguntar o que os evangélicos precisam fazer pelos evangélicos. Como cortar, deter, ou até inverter, essa tendência? Podemos compreender melhor os tempos que vivemos e construir juntos o que devemos fazer?
Compreender nossa época - Uma revolução de ideias
Como todas as revoluções, a sexual está enraizada em ideias. Martin Luther King disse: “Se você quer mudar o mundo, tome uma caneta e escreva”. As ideias que atacaram a moralidade cristã tradicional de maneira tão eficaz são notáveis, pois, além de oferecerem perspectivas novas e radicais sobre o que significa ser gente, também reivindicam certa superioridade moral. Essa observação é importante, porque a revolução sexual geralmente é representada como um declínio à anarquia moral, quando, na realidade, ela é uma nova visão moral sobre a natureza do florescer humano. De fato, esse pensamento conduz ao entendimento de que a moralidade cristã tradicional é daninha, pois não apenas impede o florescer da humanidade, como também encoraja crenças contrárias a ele.
Neste ponto, encontramos diversas linhas de pensamento. Primeiramente, a esfera do pensamento feminista radical considera que a visão moral cristã diminui a mulher. Ligada ao patriarcado tradicional no qual o homem traz a carne para casa e a mulher a cozinha, a moralidade cristã torna-se responsável por conceber uma cultura que rejeitava a educação feminina, envergonhava as mães solteiras e escondia as lésbicas. Em contrapartida, a revolução sexual liberta das correntes do patriarcado e traz uma visão nova e radical de uma feminilidade reinventada.
O gnosticismo da antiguidade – que, segundo o teólogo Tom Wright2, surgiu para converter-se em um “mito controlador de nossa época” – é outra linha filosófica dos bastidores. Segundo essa visão, os mundos externos da sociedade e da religião e o mundo exterior do nosso corpo são essencialmente irrelevantes. De fato, eles apenas nos enganam e confundem. Sua pessoa real, interior e particular está enterrada sob inúmeras camadas de resíduos religiosos e culturais. Portanto, é necessário cavar bem fundo para liberar o verdadeiro “eu” do jogo da tradição, a fim de se converter no “eu” que eu quero ser.
A teoria queer é outra ideologia que dá força à revolução sexual. Ela é uma variante moderna do gnosticismo. Baseando-se na obra do filósofo Michel Foucault e em pensadores como Judith Butler3, os teóricos queer elaboram as categorias de gênero como meras construções sociais, invenções culturais perpetuadas para servir aos jogos de poder das elites culturais e religiosas que as sustentam. Dessa forma, por trás de tais categorias não há realidades biológicas convincentes, muito menos alguma norma natural e orgânica incrustada que se supõe que tenhamos que seguir. Trata-se de capas externas, das quais é necessário desprender-se na busca pela autenticidade.
São ideias como essas (o feminismo radical, o gnosticismo e a teoria queer) que formam as estruturas da plausibilidade de uma nova ordem moral e suportam sua visão do florescer humano. Temos de enfrentá-las. A apologética cristã precisa ultrapassar a cosmologia e os argumentos sobre a existência de Deus. Estamos falhando na área da sexualidade humana porque não estamos pensando.
Uma causa moral
Como mencionei antes, os exércitos da revolução sexual acreditam que, além de terem uma argumentação intelectual, têm também uma justificativa moral. Aqui, o trabalho de psicólogos sociais como Jonathan Haidt4 pode ser bastante útil.
Ele sugere que, frente aos problemas morais, os seres humanos pensam intuitivamente por um número limitado de sistemas e canais cognitivos. Um desses sistemas “viscerais” se preocupa com cuidado e dano, perguntando: “Alguém sai prejudicado?”. Os outros sistemas são a preocupação pela legitimidade, o desejo de proteger os débeis, o respeito às tradições e sabedorias recebidas (“o que sempre acreditamos sobre isso?”), a lealdade às pessoas próximas e um desejo instintivo de se agarrar ao que é essencial para o bem da comunidade (“mexer com isso nos gera um custo”).
Haidt demonstra que quando é necessário emitir juízos morais, os seres humanos diferem – muitas vezes, de maneira previsível – sobre a importância relativa que cada sistema possui. Por exemplo, os da esquerda política liberal sempre dão mais valor às preocupações conectadas a cuidado/dano e a igualdade/legitimidade. Os conservadores sociais, por outro lado, valorizam mais as relacionadas com a tradição e o sentido sagrado da comunidade (“não faz sentido suprir as necessidades de um subgrupo de abelhas, se isso destruir toda a colmeia”).
Experimentamos subdivisões inteiramente previsíveis e similares quando debatemos ética sexual. Os que adotam uma postura conservadora tendem a enfatizar a santidade do casamento e a autoridade da Bíblia. Os do lado liberal se centram no sofrimento do indivíduo e na necessidade de compaixão, justiça e libertação dos oprimidos. Neste diálogo de surdos, caímos cada vez mais na animosidade.
Para romper com essa dinâmica em que um lado coloca uma série de valores em uma posição superior e contrária ao do outro, os líderes evangélicos que quiserem ter os argumentos mais convincentes devem comunicar-se em termos de todo o espectro de inquietudes morais. Necessitam de aceitar que muitos os percebem como duros, excludentes e sem compaixão. Precisam admitir que atitudes julgadoras tornam difícil que algumas pessoas se sintam acolhidas por suas famílias e comunidades, afastando-as do arrependimento. Se quiserem ser ouvidos, eles precisam mostrar que a motivação de suas preocupações morais é a mesma compaixão e o mesmo anseio pelo florescer humano dos liberais.
Em seguida, com coragem e convicção, eles devem defender que a compaixão pelos indivíduos não pode receber o poder de acabar com bens sociais mais amplos, que dependem da defesa de valores sagrados (como o casamento cristão). Em outras palavras, eles precisam encontrar uma forma maravilhosa de dizer que não serve de nada atender às necessidades de um subgrupo de abelhas, se isso destruir a colmeia inteira. Agir apenas para o subgrupo não é compaixão; é uma loucura emocional que acaba destruindo o florescer humano.
O poder narrativo
Finalmente, devemos entender que a revolução sexual tem poder narrativo. Segundo o filósofo Charles Taylor, os feitos entrelaçados a narrações possuem maior poder persuasivo. Assim sendo, para contrariar eficazmente algumas narrativas, não basta oferecer dados e evidências rivais. É necessário, também, contar uma história diferente.5
No imaginário popular, a revolução sexual não é uma lista de feitos, mas uma história. É a narrativa da libertação do espírito humano da vergonha asfixiante da tradição cristã. Nela, encontramos argumentos secundários, como heróis que tiveram coragem de nadar contra a corrente do ódio e do preconceito e vilões que tentaram afogá-los. Ouvimos essas histórias vez ou outra, em séries cômicas e românticas, em dramas e em documentários. Nossa resposta, muitas vezes, é um monte de argumentos complicados ou listas de “desviações” e enfermidades. Isso simplesmente não funciona. Precisamos contar outra história. Uma melhor, que satisfaça tanto a imaginação como o intelecto.
O que fazer então?
A segunda parte deste artigo pode ser lida aqui.
Notas
1. Berger, P (1968) A Rumour of Angels: Modern Society and the Rediscovery of the Supernatural. Doubleday and Co.
2. Wright, T (2013) Creation, Power and Truth. SPCK.
3. Sanlon, P (2010) Plastic People: How Queer Theory Is Changing Us. Latimer studies.
4. Haidt, J (2013) The Righteous Mind: Why Good People are Divided by Politics and Religion. Penguin books
5. Smith, James, K.A (2014) How (Not) to be Secular: Reading Charles Taylor. Eerdmans.
• Glynn Harrison é professor emérito de psiquiatria na Universidade de Bristol, no Reino Unido.
Este artigo foi publicado originalmente em inglês em 28 de setembro de 2016 no site Evangelical Focus, e em espanhol aqui.
Em janeiro de 2017, o livro “A Better Story: God, sex and the human flourishing” foi publicado, também em inglês, e está disponível aqui.
Tradução de Elisa Camargo
Até pouco tempo atrás, a ética sexual bíblica tinha um histórico papel central na formação de atitudes sociais quanto a sexo, casamento e família. Porém, em menos de uma geração a visão moral cristã – a de que os seres humanos se sentem realizados quando os interesses sexuais estão confinados a um pacto vitalício entre um homem e uma mulher – sofreu uma profunda perda de poder cultural.
Em toda a Europa ocidental e nos Estados Unidos, quem se agarra à ética sexual cristã não está apenas contrário à opinião pública, mas, supostamente, também está no “lado errado da história”.
Aos cristãos com uma visão conservadora da ética sexual, está cada vez mais difícil manejar a relação entre as esferas pública e privada da fé. Não é meu propósito abordar aqui temas angustiantes e urgentes sobre ajustes razoáveis da legislação de direitos e da liberdade religiosa. O que, sim, quero é dar um passo para trás, a fim de abordar o impacto da revolução sexual sobre o próprio evangelicalismo. A realidade é que a ética bíblica tradicional não apenas perdeu poder cultural na sociedade em geral, mas também está seriamente debilitada dentro das próprias comunidades cristãs.
O sociólogo Peter Berger argumentou1 que as “minorias cognitivas” (aquelas que mantêm posturas diferentes às da sociedade no geral) que não caminharem ativamente para sustentar suas estruturas internas plausíveis (as ideias e interações sociais escondidas que apoiam seu estilo de vida particular) estão destinadas a colapsar. Acredito que isso ocorre em muitas áreas do evangelicalismo moderno.
Os líderes evangélicos parecem estar pouco preparados para lidarem com as complexas questões éticas, biológicas e sociais inerentes às conversas sobre casamento e sexualidade humana. Apesar de sua tradição de “mentalidade cristã”, com algumas notáveis exceções, tais líderes têm pouquíssimo envolvimento acadêmico sério nessas áreas. O ponto mais central é que o medo que acompanha a cultura pública da vergonha silencia a muitos e, em alguns setores da igreja, os pastores estão julgando – e não guiando – suas ovelhas.
Não é um bom presságio. Sem uma visão, o povo perece. Portanto, neste breve artigo, quero perguntar o que os evangélicos precisam fazer pelos evangélicos. Como cortar, deter, ou até inverter, essa tendência? Podemos compreender melhor os tempos que vivemos e construir juntos o que devemos fazer?
Compreender nossa época - Uma revolução de ideias
Como todas as revoluções, a sexual está enraizada em ideias. Martin Luther King disse: “Se você quer mudar o mundo, tome uma caneta e escreva”. As ideias que atacaram a moralidade cristã tradicional de maneira tão eficaz são notáveis, pois, além de oferecerem perspectivas novas e radicais sobre o que significa ser gente, também reivindicam certa superioridade moral. Essa observação é importante, porque a revolução sexual geralmente é representada como um declínio à anarquia moral, quando, na realidade, ela é uma nova visão moral sobre a natureza do florescer humano. De fato, esse pensamento conduz ao entendimento de que a moralidade cristã tradicional é daninha, pois não apenas impede o florescer da humanidade, como também encoraja crenças contrárias a ele.
Neste ponto, encontramos diversas linhas de pensamento. Primeiramente, a esfera do pensamento feminista radical considera que a visão moral cristã diminui a mulher. Ligada ao patriarcado tradicional no qual o homem traz a carne para casa e a mulher a cozinha, a moralidade cristã torna-se responsável por conceber uma cultura que rejeitava a educação feminina, envergonhava as mães solteiras e escondia as lésbicas. Em contrapartida, a revolução sexual liberta das correntes do patriarcado e traz uma visão nova e radical de uma feminilidade reinventada.
O gnosticismo da antiguidade – que, segundo o teólogo Tom Wright2, surgiu para converter-se em um “mito controlador de nossa época” – é outra linha filosófica dos bastidores. Segundo essa visão, os mundos externos da sociedade e da religião e o mundo exterior do nosso corpo são essencialmente irrelevantes. De fato, eles apenas nos enganam e confundem. Sua pessoa real, interior e particular está enterrada sob inúmeras camadas de resíduos religiosos e culturais. Portanto, é necessário cavar bem fundo para liberar o verdadeiro “eu” do jogo da tradição, a fim de se converter no “eu” que eu quero ser.
A teoria queer é outra ideologia que dá força à revolução sexual. Ela é uma variante moderna do gnosticismo. Baseando-se na obra do filósofo Michel Foucault e em pensadores como Judith Butler3, os teóricos queer elaboram as categorias de gênero como meras construções sociais, invenções culturais perpetuadas para servir aos jogos de poder das elites culturais e religiosas que as sustentam. Dessa forma, por trás de tais categorias não há realidades biológicas convincentes, muito menos alguma norma natural e orgânica incrustada que se supõe que tenhamos que seguir. Trata-se de capas externas, das quais é necessário desprender-se na busca pela autenticidade.
São ideias como essas (o feminismo radical, o gnosticismo e a teoria queer) que formam as estruturas da plausibilidade de uma nova ordem moral e suportam sua visão do florescer humano. Temos de enfrentá-las. A apologética cristã precisa ultrapassar a cosmologia e os argumentos sobre a existência de Deus. Estamos falhando na área da sexualidade humana porque não estamos pensando.
Uma causa moral
Como mencionei antes, os exércitos da revolução sexual acreditam que, além de terem uma argumentação intelectual, têm também uma justificativa moral. Aqui, o trabalho de psicólogos sociais como Jonathan Haidt4 pode ser bastante útil.
Ele sugere que, frente aos problemas morais, os seres humanos pensam intuitivamente por um número limitado de sistemas e canais cognitivos. Um desses sistemas “viscerais” se preocupa com cuidado e dano, perguntando: “Alguém sai prejudicado?”. Os outros sistemas são a preocupação pela legitimidade, o desejo de proteger os débeis, o respeito às tradições e sabedorias recebidas (“o que sempre acreditamos sobre isso?”), a lealdade às pessoas próximas e um desejo instintivo de se agarrar ao que é essencial para o bem da comunidade (“mexer com isso nos gera um custo”).
Haidt demonstra que quando é necessário emitir juízos morais, os seres humanos diferem – muitas vezes, de maneira previsível – sobre a importância relativa que cada sistema possui. Por exemplo, os da esquerda política liberal sempre dão mais valor às preocupações conectadas a cuidado/dano e a igualdade/legitimidade. Os conservadores sociais, por outro lado, valorizam mais as relacionadas com a tradição e o sentido sagrado da comunidade (“não faz sentido suprir as necessidades de um subgrupo de abelhas, se isso destruir toda a colmeia”).
Experimentamos subdivisões inteiramente previsíveis e similares quando debatemos ética sexual. Os que adotam uma postura conservadora tendem a enfatizar a santidade do casamento e a autoridade da Bíblia. Os do lado liberal se centram no sofrimento do indivíduo e na necessidade de compaixão, justiça e libertação dos oprimidos. Neste diálogo de surdos, caímos cada vez mais na animosidade.
Para romper com essa dinâmica em que um lado coloca uma série de valores em uma posição superior e contrária ao do outro, os líderes evangélicos que quiserem ter os argumentos mais convincentes devem comunicar-se em termos de todo o espectro de inquietudes morais. Necessitam de aceitar que muitos os percebem como duros, excludentes e sem compaixão. Precisam admitir que atitudes julgadoras tornam difícil que algumas pessoas se sintam acolhidas por suas famílias e comunidades, afastando-as do arrependimento. Se quiserem ser ouvidos, eles precisam mostrar que a motivação de suas preocupações morais é a mesma compaixão e o mesmo anseio pelo florescer humano dos liberais.
Em seguida, com coragem e convicção, eles devem defender que a compaixão pelos indivíduos não pode receber o poder de acabar com bens sociais mais amplos, que dependem da defesa de valores sagrados (como o casamento cristão). Em outras palavras, eles precisam encontrar uma forma maravilhosa de dizer que não serve de nada atender às necessidades de um subgrupo de abelhas, se isso destruir a colmeia inteira. Agir apenas para o subgrupo não é compaixão; é uma loucura emocional que acaba destruindo o florescer humano.
O poder narrativo
Finalmente, devemos entender que a revolução sexual tem poder narrativo. Segundo o filósofo Charles Taylor, os feitos entrelaçados a narrações possuem maior poder persuasivo. Assim sendo, para contrariar eficazmente algumas narrativas, não basta oferecer dados e evidências rivais. É necessário, também, contar uma história diferente.5
No imaginário popular, a revolução sexual não é uma lista de feitos, mas uma história. É a narrativa da libertação do espírito humano da vergonha asfixiante da tradição cristã. Nela, encontramos argumentos secundários, como heróis que tiveram coragem de nadar contra a corrente do ódio e do preconceito e vilões que tentaram afogá-los. Ouvimos essas histórias vez ou outra, em séries cômicas e românticas, em dramas e em documentários. Nossa resposta, muitas vezes, é um monte de argumentos complicados ou listas de “desviações” e enfermidades. Isso simplesmente não funciona. Precisamos contar outra história. Uma melhor, que satisfaça tanto a imaginação como o intelecto.
O que fazer então?
A segunda parte deste artigo pode ser lida aqui.
Notas
1. Berger, P (1968) A Rumour of Angels: Modern Society and the Rediscovery of the Supernatural. Doubleday and Co.
2. Wright, T (2013) Creation, Power and Truth. SPCK.
3. Sanlon, P (2010) Plastic People: How Queer Theory Is Changing Us. Latimer studies.
4. Haidt, J (2013) The Righteous Mind: Why Good People are Divided by Politics and Religion. Penguin books
5. Smith, James, K.A (2014) How (Not) to be Secular: Reading Charles Taylor. Eerdmans.
• Glynn Harrison é professor emérito de psiquiatria na Universidade de Bristol, no Reino Unido.
Este artigo foi publicado originalmente em inglês em 28 de setembro de 2016 no site Evangelical Focus, e em espanhol aqui.
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